sexta-feira, 19 de junho de 2015

Alexander Yakovlev: a poesia corporal captada no instante fotográfico


Fotografia e Dança são amores antigos. Ver um trabalho cuja união da segunda e da oitava arte se completam me dá um prazer inenarrável. Um desejo de compartilhar minhas impressões singelas e descobertas com todos. Contagiá-los, ou melhor tentar, já que é impossível escrever o que sentimos. No que concerne à arte, então, é mais complicado ainda. Não há teoria da arte que traduza uma experiência estética.
O fotógrafo russo Alexander Yakovlev conseguiu unir a Fotografia e a Dança de forma rica e singular, num ensaio fotográfico brilhante. Registrou movimentos, que nos palcos são executados com rapidez e com uma sutiliza ímpar, própria dos deuses bailarinos.  Às vezes, são tão rápidos que nosso olhar não capta toda a beleza e perfeição desses corpos que são verdadeiras obras de arte.
Dança e fotografia são para mim poesia pura, enquanto aquela é um poema registrado em cada movimento [poesia corporal], esta é a experiência poética do olhar e do coração registrada numa imagem.
A dança assim como a poesia ultrapassa a fronteira da expressão artística. Há um poema do maravilhoso Carlos Drummond de Andrade cujos versos tentam externar o que é a dança. O poema é intitulado A dança e a alma, e cabe perfeitamente na minha tentativa de expor meus sentimentos.


A dança? Não é movimento

súbito gesto musical

É concentração, num momento,
da humana graça natural

No solo não, no éter pairamos,
nele amaríamos ficar.
A dança- não vento nos ramos
seiva, força, perene estar
um estar entre céu e chão,
novo domínio conquistado,
onde busque nossa paixão 
libertar-se por todo lado...

Onde a alma possa descrever
suas mais divinas parábolas
sem fugir a forma do ser
por sobre o mistério das fábulas


E o que dizer da fotografia. Melhor não dizê-la. Permita-se senti-la. Admire e agradeça aos fotógrafos que fotografam com o coração e a com alma. Bresson estava mais do que certo quando disse que “Fotografar é colocar na mesma linha de mira, a cabeça, o olho e o coração”. Enxergar com o coração e clicar é divino, olhar para uma fotografia e sentir a imagem, o fotógrafo e o instante, é ser humano. Sejamos, humanos.

Voilà as imagens! 













Quer conhecer mais sobre o trabalho do fotógrafo Alexander Yakovlev?  acesse o site ayakovlev.comFacebook

Espero que tenham gostado
Um Abraço!|
Renata Ferreira

terça-feira, 16 de junho de 2015

Poetas e Poemas: Contranarciso – Paulo Leminski










em mim
eu vejo o outro
e outro
e outro
enfim dezenas
trens passando
vagões cheios de gente
centenas

o outro
que há em mim
é você
você
e você

assim como
eu estou em você
eu estou nele
em nós
e só quando
estamos em nós
estamos em paz
mesmo que estejamos a sós

sábado, 13 de junho de 2015

Leonid Afremov: cores alegres e vivas que não deveríamos esquecer


Encantada. Essa palavra me define diante das obras de Leonid Afremov. As cores alegres e vivas usadas pelo artista denotam a poesia e paixão que me esforço para ver e viver diariamente.
 A poesia e as cores esquecidas pelos olhares sombrios de toda gente ainda estão por toda parte. Não, não é mera experiência estética, ainda é possível experimentar o mundo que os artistas veem e se inspiram.
Sejamos artistas, tenhamos sensibilidade; podemos pintar nosso quadro humano de forma marcante e delicada. Sim, o resultante de nossas vidas pode ser uma obra à la Afremov, à la fotografia e cores vibrantes de Amélie Poulain.
Sim, eu ainda ando pelo mundo prestando atenção em cores que eu não sei o nome e amo passear no escuro pois testo minha paleta viva.
Nosso chão ainda pode ser o reflexo do céu que escolhemos para nosso olhar. Não importando a estação que vivemos, as “cores precisam eclodir mesmo nos dias mais cinzentos”.[1]
Segundo Adorno, cada obra de arte é um instante; cada obra conseguida é um equilíbrio, uma pausa momentânea do processo, e se manifesta ao olhar atento. Desta forma, abram os olhos e aprendam apreciar cada instante e cores de seu mundo vivo. Ultrapasse os limites da tela, permita-se não caber numa moldura, expanda-se, viva, pois sempre haverá uma cor por descobrir.











"Leonid Afremov é um pintor Bielo-russo que nasceu na cidade de Vitebsk em 1955. Coincidentemente ou não, ele nasceu na mesma cidade que Marc Chagall, o famoso artista que também fundou a Vitebsk Art School em parceria com Malevich & Kandinsky. Leonid Afremov se formou na Vitebsk Art School em 1978 e é um dos membros da elite. Suas pinturas são muitas vezes paisagens coloridas, cidades e personagens. Elas são tipicamente pintadas usando uma espátula e tinta óleo".








[1] Jeferson Quintella ( mon amour)