sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Moonrise Kingdom




Encantador. Essa é uma ótima palavra para definir Moonrise Kingdom, mesmo sabendo que não há palavras ou resenha que definam a poesia de Wes Anderson. Narrativa psicológica e para adultos, com elenco infantil. Nem completamente alegre, nem completamente triste.
É um desses Filmes excêntricos, cuja vontade é levar os personagens para casa. A história acontece nos anos 60. Cenário: uma ilha localizada na costa da Nova Inglaterra. Os apaixonados Sam (Jared Gilman) e Suzy (Kara Hayward) se conheceram no teatro, local adequadíssimo para esses que não suportavam a realidade vivida. Suzy atuava e Sam era o espectador. Tornaram-se amigos.
Num diálogo epistolar, Sam e Suzy conversaram durante um longo período, a distância não foi empecilho para amizade e paixão, ao contrário, as correspondências foram valiosas: desabafos, confidencias e afinidades; ambos são deslocados, considerados loucos e problemáticos.
Decidiram fugir juntos, o objetivo era obvio: viver livremente, viver como os adultos hipócritas da cidade não conseguiam. O detalhe é que esses apaixonados e apaixonantes têm apenas 12 anos de idade.  Encontro marcado, fuga planejada, percebem cedo que a vida pode ser simples. Acompanhar a fuga do casal [sim eles se casam] é desvendar novos caminhos e uma história inesquecível. Na mala de Suzy livros, muitos livros e uma vitrola. Já a de Sam, bom escoteiro, todos os apetrechos para sobrevivência.
 Sam é órfão e Suzy não tem um bom relacionamento com os pais. Faltava-lhes AFETO e compreensão. Juntos formam um casal sincronizado. O filme não traduz apenas o universo dos pré-adolescentes, o foco maior é o universo dos adultos, a crítica aos “maduros” é evidente.
 Averiguamos como temáticas: os traumas familiares, as angústias, o primeiro amor, os sonhos idealizados e vividos; a vida hipócrita dos adultos, as questões psicológicas, e ainda questões delicadas como adoção.     


As cenas são perfeitas, assim como cenários e trilha sonora. Filme com muitas crianças, porém para adultos que apreciam cinema de verdade e de qualidade.

MOONRISE KINGDOM - Trailer HD Legendado
 
Françoise Hardy - "Le Temps de l'Amour"


Trilha sonora:
 1- Leonard Bernstein & The New York Philharmonic - "The Young Person's Guide to the Orchestra, Op. 34: Themes A-F"
2- Peter Jarvis and His Drum Corps - "Camp Ivanhoe Cadence Medley"
3- English Chamber Orchestra, Benjamin Britten - "'Playful Pizzicato' from Simple Symphony, Op. 4"
4- Hank Williams - "Kaw-Liga"
5- Trevor Anthony, Owen Brannigan, David Pinto, Darian Angadi, Stephen Alexander, Caroline Clack, Marie-Therese Pinto, Eileen O'Donovan, Chorus of Animals, English Opera Group Orchestra, Merlin Channon, Norman Del Mar - "Noye's Fludde, Op. 59: 'Noye, Noye, Take Thou Thy Company'"
6- Alexandre Desplat - "The Heroic Weather-Conditions of the Universe, Part 1: A Veiled Mist"
7- Alexandre Desplat - "The Heroic Weather-Conditions of the Universe, Part 2: Smoke/Fire"
8- Alexandre Desplat - "The Heroic Weather-Conditions of the Universe, Part 3: The Salt Air"
9- Choir of Downside School, Purley, Emanuel School Wandsworth, Boys' Choir, London Symphony Orchestra, Benjamin Britten - "A Midsummer Night's Dream, Act 2: 'On the Ground, Sleep Sound'"
10- Hank Williams - "Long Gone Lonesome Blues"
  11- Leonard Bernstein & the New York Philharmonic - "Le Carnaval des Animaux: 'Volière'"
12- Françoise Hardy - "Le Temps de l'Amour"
13- Alexandra Rubner, Christopher Manien - "An die Musik"
14- Hank Williams - "Ramblin' Man"
15- Choir of Downside School, Purley, Viola Tunnard, Benjamin Britten - "Songs From Friday Afternoons, Op. 7: 'Old Abram Brown'"
16- Alexandre Desplat - "The Heroic Weather-Conditions of the Universe Parts 4-6: Thunder, Lightning, and Rain"
17- David Pinto, Darian Angadi, Stephen Alexander, Owen Brannigan, Sheila Rex, Caroline Clack, Marie-Therese Pinto, Eileen O'Donovan, Patricia Garrod, Margaret Hawes, Kathleen Petch, Gillian Saunders, Trevor Anthony, Chorus of Animals, English Opera Group Orchestra, Merlin Channon, Norman Del Mar - "Noye's Fludde, Op. 59: 'The Spacious Firmament on High'"
18- Trevor Anthony, Chorus of Animals, Sheila Rex, David Pinto, Darian Angadi, Stephen Alexander, English Opera Group Orchestra, Merlin Channon, Norman Del Mar - "Noye's Fludde, Op. 59: 'Noye, Take Thy Wife Anone'"
19- Leonard Bernstein & The New York Philharmonic - "The Young Person's Guide to the Orchestra, Op. 34 Fugue: Allegro Motto"
20- Choir of Downside School, Purley, Viola Tunnard, Benjamin Britten - "Songs From Friday Afternoons, Op. 7: 'Cuckoo!'"
21- Alexandre Desplat - "The Heroic Weather-Conditions of the Universe, Part 7: After The Storm"
Renata Foli

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Descoberta musical: Guardia Nova

Um dos presentes que mais amo receber é música. Descobertas musicais despertam em mim experiências estéticas que não saem da memória.
 Segundo Adorno, cada obra de arte é um instante; cada obra conseguida é um equilíbrio, uma pausa momentânea do processo, e se manifesta ao olhar atento. Como estou falando de música, reformularei a frase para ouvido atento.
No instante em que ouvi o som do Guardia Nova (Indicação da pessoa mais sensível desse mundo), fiquei encantada, não apenas com os versos poéticos, mas com o conjunto da “obra” e seu equilíbrio. Estou falando de equilíbrio musical como sinônimo de música boa.
'Guardia Nova' é formada por Jan Pablo e Cavalcante Veras. Os caras são bons de fato, fazem música de verdade e são brasileirinhos (piauienses).
Lembrei do equilíbrio dito por Luiz Tati. Esse define canção, como Malabarismo entre melodia, harmonia e letra. E é dessa forma que defino Guardia nova. E quem venham novos trabalhos.
A banda possui um EP (2011), intitulado “Guando chegar”. Esse disco marcou o início da parceria dos integrantes da banda Trinco com Cavalcante Veras, dando origem à Guardia Nova. Foi gravado e produzido por Jan Pablo, Cavalcante Veras, Hugo Trincado e Dmitri Petit.
 Já o primeiro LP da Guardia,  foi gravado em 2013 com produção de Jan Pablo e Cavalcante Veras, com exceção a "Melvin Jones" produzida por Dmitri Petit e Jan Pablo. Todos os instrumentos presentes no disco foram tocados e programados por Cavalcante Veras, Dmitri Petit e Jan Pablo. Participação especial de Bruno Marques na bateria de "Setenta e Seis" e Makeh(Violante) na voz de "Vestida de Branco".
Com um processo de divulgação ainda tímido, na internet encontramos as seguintes informações:

 SITE

"A gente se conheceu em 2011, dali em diante as identificações foram tantas, que só nos restou parir, desnudar o peito e deixar você ver-ouvir. Cantamos a dança, cantamos os cantos por quais passamos, esse enternecimento, os desamparos, cantamos o sol, a noite por cima das casas e cantamos o mar, pra ver se ele quebra bonito na praia dessas crias". A Guardia.









Setenta e Seis

De nós, quem vai durar?
Passar pelos setenta e seis
Quem vai passar a mão nos olhos do tempo?
Nós dois, não sei
Menina, mal começamos
Mas se for contigo, eu digo: oba!
Vem, vem que nossa verdade não tarda a chegar
Uh, estampei na camisa a cara dela
Vem, vem do jeito que queira, só não demora
Mora aqui, se quiser
Deixa tudo beleza
A luz acende a nos incendiar
A voz que canta a iluminar
Vamos sambando, bambos, rua abaixo
Pela quadra setenta e seis
Quem vem comigo nessa hora
Pergunto agora: será você?
Vem, vem que nossa verdade não tarda a chegar
Uh, estampei na camisa a cara dela
Vem, vem do jeito que queira, só não demora
Mora aqui, se quiser
Deixa tudo beleza

Renata Ferreira

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Poetagem: Les choses

Resolvi pensar nas coisas, não apenas em coisas, mas em todas as coisas.
Coisas lembram-me pessoas, palavras, sentimentos, eu...
Sou uma coisa egocêntrica.
Sou uma casa composta por coisas boas e ruins.
Sou e não sou.
Às vezes, nada sou, nem coisa, nem casa.
Às vezes só componho a casa.
Sou janela,
Sou porta,
Sou parede,
Sou tinta,
Sou chão,
Às vezes nem poeira sou.
Talvez seja só sentimentos, memórias....
Uma construção abandonada por mim .
Uma coisa egoísta .
Talvez seja outra coisa.
Seja uma coisa nova.
Uma prova.
Ou mesmo algo que renove ou inove.
 Um cômodo a construir.


Renata Foli



Poetagem: O Retorno

O Retorno

Procurava o retorno.
Não encontrava suas raízes em nenhuma parte.
Tinha medo do “corpo a corpo com a vida”, do corpo a corpo com a realidade nua e crua.
A sensação era sempre a mesma, de angústia e de incompletude.
Descrevia sua vida como uma viagem circular. Nada mudou.
Estava desesperado com a impossibilidade de encontrar a felicidade.
Estava na fase de encontrar culpados: culpados pela sua tristeza, culpados pela sua falta de tempo, culpados pela sua falta de coragem, culpados pela sua melancolia. “Uma melancolia que não sai”.
Estava na fase de compreender: compreender por que seus valores e suas crenças, que antes eram tão sólidos, hoje, eram traduzidos por um sentimento: a inconsistência.
Queria o espaço confortável, queria fugir da “verdade”, não a aceitava.
Começava sua viagem pelo caminho das lembranças (das boas lembranças).
Um viajante contemporâneo, numa estrada sinuosa, mergulhado na ‘tragédia’ que definia como a tragédia da contemporaneidade.
Em cada época mascarou seus sintomas, mas nunca admitiu a Doença. 
A estrada das lembranças é mais dolorosa, mesmo quando boas. E, “sem conseguir encontrar dentro de si o ponto pior de sua doença, o ponto mais doente” , começou sua viagem sem volta.

Renata Foli

Tentativa de poetagem: Parte 1- FALTA DE AR


Falta de ar

Entenda, e não fique triste:
Não tenho mais vontade de sobreviver...sinto muita falta de ar. 
Tanta, tanta que meu peito dói.
Tanta, que não quero mais respirar com essa dificuldade, o esforço é grande.
Tanta, que fico com muita vontade de chorar.
Não quero mais seus aparelhos, seus medicamentos, sua dosagem, seu sangue... 
Não quero mais nada. 
Nada que possa ser dado por você: 
Não quero seu cego olhar, 
Não quero sua compreensão incompreensiva ,
Não quero seu cuidado descuidado, 
Não quero seu amor desamor, 
Não quero esse muito que é tão pouco.
Tem razão: Morri. Mas, não consigo descansar. 
“Viver” assim cansa-me tanto e tira-me tudo. 
Calma, não quero morrer de fato.
Mas, quero deitar e repousar, por horas e horas. 
Quero o que me foi tirado, arrancado do meu peito. 
E não falo do órgão clichê.
Estou falando dos meus pulmões, Entende? dos pulmões! 
Quero Respirar bem e mais nada.

Renata Foli

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Primeiro Post:" Miedo que da miedo del miedo que da"

Ê, o primeiro post!
Dizem por aí: "ano novo, vida nova".
Reformularei a frase para: Ano novo, medo velho.
Decidi que 2014 será o ano que acabarei com alguns medos ou aprenderei lidar.
Logo,  resolvi falar sobre esse tal sentimento, muitos fogem. Vou encarar.
Tenho muitos medos
Mas, não são tão clichês como Medo da morte, por exemplo;
Tenho medo de caminhar e não perceber a poesia nas ruas e nas pessoas;
Tenho medo da inércia;
Tenho medo do vazio;
Tenho medo de perder a concentração, e não conseguir mais ler;
Tenho medo de parar de fantasiar;
Tenho medo de perder o chão e só fantasiar;
Tenho medo da solidão;
Tenho medo da cegueira ;
Tenho medo da Hipocrisia;
Tenho medo do cansaço;
Tenho medo da acidez das pessoas, inclusive da minha.
Ah, também tenho medos prazerosos:
É o maior deles é a escrita
Escrever ou não, eis a questão,
Tentar, uma decisão.


Renata Foli