Desejo
poemas
Esses corpos escritos ultrapassam a
experiência estética. Que difícil contorná-los, defini-los...
Definir
a poesia de um poema para mim é matar o corpo e a mente dum poeta, assim como
os sentimentos. Esse ser Poeta que
admiro loucamente e me dá prazeres inenarráveis é só afeto, é um doar-se sem
egoísmo. É a síntese da doação mais valorosa, a que reúne todos os sentimentos
num corpo poético, num corpo livre, que mergulha fundo em nós. Somos Mar.
Quando
leio um poema, almejo a experiência na amplitude da palavra, aquela que nos
conecta com uma voz e um pensamento de outrem. Uma voz que ecoa dentro de nós e
se funde com nosso corpo.
Sinto
que o poema nos escolhe e não ao contrário. Lemos uma infinidade de textos que
não nos dizem nada, são apenas palavras em estrofes. Mas quando encontramos corpos escritos, corpos poéticos nos apaixonamos , nos viciamos num prazer sem fim, sentimos e temos uma das
melhores experiências de nossas vidas. Parece exagero, eu sei.
Não
quero fazer uma lista de poetas singulares e suas obras. Descobertas são
essenciais em nossas vidas, e incluo as descobertas poéticas.
Citarei
um Poema, desses com letra maiúscula que descobri há pouco tempo e que me tocou
profundamente pela singularidade, simplicidade, e riqueza. A temática é considerada,
para muitos, cliché e démodé, mas para mim é a base
de tudo. O poema é do maravilhoso Mia Couto, que já amo pela nobre doação e entrega.
O
Amor, Meu Amor
Nosso amor é impuro
como impura é a luz e a água
e tudo quanto nasce
e vive além
do tempo.
Minhas pernas são água,
as tuas são luz
e dão a volta ao universo
quando se enlaçam
até se tornarem deserto e escuro.
E eu sofro de te abraçar
depois de te abraçar para não
sofrer.
E toco-te
para deixares de ter corpo
e o meu corpo nasce
quando se extingue no teu.
E respiro em ti
para me sufocar
e espreito em tua claridade
para me cegar,
meu Sol vertido em Lua,
minha noite alvorecida.
Tu me bebes
e eu me converto na tua sede.
Meus lábios mordem,
meus dentes beijam,
minha pele te veste
e ficas ainda mais despida.
Pudesse eu ser tu
E em tua saudade ser a minha
própria espera.
Mas eu deito-me em teu leito
Quando apenas queria dormir
em ti.
E sonho-te
Quando ansiava ser um sonho
teu.
E levito, voo de semente,
para em mim mesmo te plantar
menos que flor: simples
perfume,
lembrança de pétala sem chão
onde tombar.
Teus olhos inundando os meus
e a minha vida, já sem leito,
vai galgando margens
até tudo ser mar.
Esse mar que só há depois do
mar.
No
livro “Idades cidades divindades”
Espero
que tenham gostado!
Deixem-se
ser conquistados por poetas e poemas
Renata Ferreira
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