quarta-feira, 23 de abril de 2014

"PRETO É TUDO IGUAL"



Começo com duas informações: 1- Ao fazermos leituras de imagens estamos sujeitos a erros. 2- E quando os personagens da imagem são a favela e seus moradores, então, o erro e os julgamentos são corriqueiros, virou praxe. Nesta exposição diária, temos uma quadro clássico, pincelado pela sociedade, com muitas mãos, porém gera a mesma experiência estética em todos que o observam (Melhor não generalizar né, quase todos).
A imagem clássica, noticiada pela mídia(Curadora da exposição) quando o assunto é favela: Corpos de homens pretos, que foram baleados em tiroteios. E, na maioria das vezes, a nota dada pela assessoria é: Traficante baleado ou morto em operação. Mesmo, quando há diversas pessoas que vão as ruas, explicando que  o cara assassinado era morador, trabalhador…, ninguém acredita, e policiais insistem na nota: Traficante. Mas, pior que as notícias, são as pessoas, que não estão habituadas a procurar as informações, a avaliar as premissas, para chegarem à opiniões coerentes, independentes de classes sociais, e sem prejulgamentos. Afinal, nem todos entendem de “arte”. Assim, fica mais fácil acreditar na leitura tosca da mídia.
Ontem(22/03), uma manifestação tomou as ruas de Copacabana. Que merda!! a princesinha do mar ou coração da zona sul estava em chamas. Tão quente, quanto a cabeça dos moradores do Pavão-pavãozinho. Os moradores protestavam a morte do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, conhecido como DG, de 26 anos. A comunidade e amigos foram as ruas de Copa, acusando os policiais militares pela morte do rapaz, que teria sido confundido com um traficante num confronto, no dia 21/03. Pelas informações noticiadas, o caso foi registrado na 13ª DP (Ipanema), e as circunstâncias da morte de Douglas estão sendo investigadas. As investigações sobre a morte do rapaz continuam. E não tenho a pretensão, nesse momento, de expressar a minha opinião. Vamos esperar os resultados. Dessa vez, não houve pronunciamento da polícia, informando que DG era traficante. Isso para mim é uma novidade. Já que esse é o caminho mais fácil, e esperado. Como o DG era um preto “conhecido” talvez tenhamos uma “solução” para o inquérito.
         Como disse no, início do texto, podemos ler uma imagem de muitas formas, e erramos muito nas leituras (e sobre isso quero falar). Aquela frase, bem conhecida: Uma imagem vale por mil palavras, acho bem bizarra, e corrigiria para: Uma imagem sugere muitas interpretações, e oitenta por cento estão erradas, ou foram manipuladas,  principalmente se a imagem foi feita na favela.
       A imagem do dançarino morto, soma-se a outras imagens. Todas são iguais, igualzinhas. Moradores mortos em confronto. Homem (preto) é morto, pois foi confundido com bandido. Muitas são as sentenças, mas há uma que sempre “funciona”: Pretos são iguais. Imagens de pretos sugerem a mesma significação, principalmente se está caído e ensanguentado no chão da favela. Até quando? Até quando a sociedade verá os pretos como iguais? Isso ocorre até nas “brincadeiras”. “É seu irmão?”. “Não”. “São idênticos”. “Somos pretos”. “ Ah! então deve ser isso”.
         Até quando teremos pessoas fazendo esse tipo de leitura?
         Até quando guardará seus pertences, quando um preto se aproximar?
         Até quando fará esses julgamentos imbecis?
         Até quando acreditaremos apenas nas imagens, e não correremos atrás das reais legendas?
          
#Pretoetudoigual

Renata Ferreira

terça-feira, 22 de abril de 2014

"All Work and no Play Makes Jack a Dull Boy”

Hoje (22/04) é o aniversário do cara que deu vida à personagens excêntricos como: Coringa, Jack Torrance, Melvin Udall, Edward Cole, Harry Sanborn, Warren Schmidt, Daryl Van Horne, Francis Phelan, Garrett Breedlove, ... Certamente, os cinéfilos de plantão já sabem o nome desse senhor de setenta e sete anos que é ator, cineasta, produtor de cinema e roteirista.  Foi indicado ao Oscar muitas vezes (12 vezes), ganhou o Oscar de melhor ator por duas vezes (One Flew Over the Cuckoo's Nest e As Good as It Gets), e o Oscar de melhor ator coadjuvante (Terms of Endearment). 
???????????????????????????????????????????????????????
                                           (Jack Nicholson )


sábado, 19 de abril de 2014

Como ensinar as noções de espaço público e privado para adultos mal-educados? (Mal-educados não, esses ensinamos, mas adultos que não respeitam o próximo, muito menos o espaço público?


Quando trabalhamos com público nos deparamos com cada situação!!!!!que nem acreditamos, devido a grandiosidade da bizarrice.
         Dizem por aí que as crianças e os adolescentes estão cada vez mais mal-educados, e apesar de saber dos diversos casos de desrespeito dessa faixa etária, seja com professores, pais, e nos espaços públicos, sei que poucos agem dessa maneira. Lido com crianças e adolescentes o tempo todo, e a maioria é bem-educada, gentil, e inteligente o suficiente para compreender as regras do jogo chamado sociedade e respeitá-las, já alguns adultos só dão dor de cabeça. Esses são os responsáveis pela pequena parcela de crianças e adolescentes sem noção.
         Atualmente trabalho num ambiente público (Uma biblioteca que tem de tudo, até livro); lá todos são bem-vindos, e quando falo TODOS são todos mesmo: Moradores de rua, pessoas instruídas ou não, moradores das comunidades próximas. Todos são tratados com respeito, independente da classe social, grau de escolaridade, e do motivo pelo qual está na biblioteca. E são muitos os motivos: Estudo; aproveitar o ar condicionado (compreensível, vivemos no RJ); acessar o facebook; ver um filme (Alguns nem tem televisão em casa); descansar numa espreguiçadeira (Alguns nem casa têm); ouvir uma história; ouvir música; passar o máximo do tempo na biblioteca, já que a vida lá fora é muito difícil), etc.
         Dei exemplos do público frequentador, e imagino que já tem gente pensando: “Moradores de rua, moradores de comunidades, esses são os personagens principais do texto. Os adultos mal-educados que não respeitam o próximo, muito menos o espaço público”.  Mon cher, você pensou errado, erradíssimo. Todos as pessoas pensadas por você me respeitam, respeitam o espaço, entendem o que é uma fila de espera, entendem que precisam dividir o espaço que é público e para todos. Já os que se consideram melhores que a mocinha da comunidade, ou mais instruído que o morador de rua, ou ainda que esse tipo de espaço é apenas para os filhos de uma camada da sociedade... esses sim são os personagens dessa história: Adultos que não respeitam o espaço coletivo (obviamente, não estou falando de todos, mas é um número que me assusta; engravatados, graduados tão sem noção quanto aqueles adolescentes que citei).
 Duas situações chocantes.
Primeira situação: Um senhor pede para retirarmos uma pessoa da biblioteca. O argumento: “é um morador de rua, não é justo está no mesmo espaço que eu. Isso é desrespeito, e blá blá blá”. Evidentemente, não retiramos o rapaz da biblioteca(nem sabemos de fato se erá morador de rua). Esse não estava fazendo nada demais, apenas conhecendo o espaço que é de todos.  Foi explicado ao senhor em questão que o espaço é público. E como não realizamos o pedido, foi embora.
Segunda situação: Um senhor deseja assistir filmes com seus filhos. Até aí ok. Porém, não quer respeitar a fila de espera, nem as regras do setor. Segundo ele, tenho dois filhos, logo eles podem ficar na cabine por até quatro horas (tempo aproximado de dois filmes). Explicamos, “aqui não funciona assim, como o senhor pode constatar há uma fila. Seus filhos não podem assistir dois filmes seguidos, isso seria desrespeitar as pessoas que aqui estão”.  “Mas, isso não é justo, vou reclamar com a supervisão, com a administração etc etc”.
       Mon Dieu!!!Não é justo respeitar o espaço público, as regras... Seus filhos, que estão mais arrumados têm mais diretos que os outros?
         Por mais que tenhamos paciência, expliquemos, haverá pessoas que fingem não compreender pois são arrogantes demais, preconceituosas e todos os piores adjetivos que não usarei aqui. Os filhos que sofrem, já que terão uma péssima educação. Deveria haver uma lei que punisse esse tipo de adulto: Educou mal seus filhos e você é um mal educado? Ficará horas tentando compreender que você é um ignorante, desprezível e arrogante, que precisa aprender a respeitar as pessoas. E se não der certo. Poderiam puni-lo, prendê-lo....Sei lá, faze-lo acordar. Será que essa altura do campeonato ainda é possível?
#adultosmaleducados#ignorantes#rudes#desprezíveis#desrespeito#espaçopublicoeprivado#vamosensinalosarespeitar#ética#
Renata Ferreira

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Já sofreu Preconceito Literário?

Não vou escrever mais um texto sobre a importância da leitura, mesmo sabendo o quão é importante, pertinente e atual essa temática, mas gostaria de relatar minha experiência com leitores e como leitora.
 Trabalhei em Livrarias, bibliotecas, e cheguei à conclusão que sempre atendia as mesmas pessoas. Percebi que essas pouquíssimas pessoas eram estudantes (e a leitura era uma consequência) ou eram leitores de fato (porém sempre procurando o mesmo tipo de literatura, ninguém queria se aventurar). No meio acadêmico me deparei com o mesmo tipo de leitor (pessoas que liam muito, mas andavam com uma lista de livros obrigatórios).
 Nunca compreendi o porquê do chamado preconceito literário (acho todas as leituras válidas, principalmente para os que estão começando e não têm o hábito). Sempre ouvi falar, mas não tinha vivido essa situação. Para ser bem sincera, imaginava: “Ora, o Brasil não é um país de leitores, aqui lê-se pouco, então por que fala-se tanto de preconceito por parte dos brasileiros”. Mas existe, em todos os lugares, até os que não leem aprenderam a ser preconceituosos. Imagina isso?
Certa vez, no setor de literatura da Uerj, estava esperando minha professora e relendo o livro que ganhei da minha querida Ju, “O Morro dos Ventos Uivantes” (PS: Amo esse livro e seus personagens). A edição que ganhei foi essa abaixo. Lembro que na época, os leitores queriam destruir a capa feita pela editora Lua de papel, pois tinha a seguinte citação: O livro preferido de Bella e Edward da série Crepúsculo. Achei ótimo, muitos jovens ,que nunca tinham ouvido falar em Emily Bronte e do clássico da literatura inglesa,  leram o livro. Não importa para mim os motivos que os levaram a ler.



Mas, voltando ao setor de Literatura...
Percebi muitos olhares tortos para mim, mas não imaginava o motivo. Minha roupa não estava rasgada, meu All Star estava um pouco sujo (mas isso é normal), meu cabelo um pouco bagunçado (mas isso também é normal) ...resumindo estava tudo ok. E depois de muitos olhares alguém perguntou: “Querida, que livro é esse?”. Respondi: “O morro dos ventos uivantes”. E a resposta da pessoa foi: “Ufa, pensei que fosse Crepúsculo, essa capa é igualzinha”
Não momento quis dar um fora na pessoa, mas ignorei, e fiquei imaginando, "que babaca, como alguém que faz letras, quer ser professor, pode ser tão otário?".Respondam-me. Essa foi a minha primeira experiência com preconceito literário, e que me fez pensar na seguintes questões: Como o Brasil, país de raros leitores, pode ser tão preconceituoso? Fala-se tanto de incentivo à leitura, mas que incentivo é esse? Incentivamos o preconceito; incentivamos a ignorância, incentivamos a estupidez, incentivamos a arrogância, menos a leitura.
Se o pequeno grupo de leitores leem o livro, é bom, caso contrário é um conteúdo de semicultos (não gosto desse termo).
          Amo a C. L. mas sei que há pessoas que não gostam, e não posso dizer: Minhas leituras são clássicas e maravilhosas, o que você lê é ruim.  Sou a favor de todas as literaturas. Leia o que te agrada, se receber dicas de livros e quiser se aventurar, leia; o que não rola é criticar leitores porque leem Best Seller.
Preconceito Literário deveria ser considerado crime; se não curte ok, mas vamos respeitar a leitura alheia.


Renata Ferreira