Não
vou escrever mais um texto sobre a importância da leitura, mesmo sabendo o quão
é importante, pertinente e atual essa temática, mas gostaria de relatar minha
experiência com leitores e como leitora.
Trabalhei em Livrarias, bibliotecas, e cheguei
à conclusão que sempre atendia as mesmas pessoas. Percebi que essas
pouquíssimas pessoas eram estudantes (e a leitura era uma consequência) ou eram
leitores de fato (porém sempre procurando o mesmo tipo de literatura, ninguém
queria se aventurar). No meio acadêmico me deparei com o mesmo tipo de leitor
(pessoas que liam muito, mas andavam com uma lista de livros obrigatórios).
Nunca compreendi o porquê do chamado
preconceito literário (acho todas as leituras válidas, principalmente para os que estão começando e não têm o hábito). Sempre ouvi falar, mas não tinha vivido essa situação.
Para ser bem sincera, imaginava: “Ora, o Brasil não é um país de leitores, aqui
lê-se pouco, então por que fala-se tanto de preconceito por parte dos brasileiros”.
Mas existe, em todos os lugares, até os que não leem aprenderam a ser
preconceituosos. Imagina isso?
Certa
vez, no setor de literatura da Uerj, estava esperando minha professora e relendo
o livro que ganhei da minha querida Ju, “O
Morro dos Ventos Uivantes” (PS: Amo esse livro e seus personagens). A
edição que ganhei foi essa abaixo. Lembro que na época, os leitores queriam destruir a capa feita pela editora Lua de papel, pois tinha a seguinte citação: O
livro preferido de Bella e Edward da série Crepúsculo. Achei ótimo, muitos jovens ,que nunca tinham ouvido falar em Emily Bronte e do clássico da literatura inglesa, leram o livro. Não importa para mim os motivos que os levaram a ler.
Mas, voltando ao setor de Literatura...
Percebi
muitos olhares tortos para mim, mas não imaginava o motivo. Minha roupa não
estava rasgada, meu All Star estava um pouco sujo (mas isso é normal), meu
cabelo um pouco bagunçado (mas isso também é normal) ...resumindo estava tudo
ok. E depois de muitos olhares alguém perguntou: “Querida, que livro é esse?”.
Respondi: “O morro dos ventos uivantes”. E a resposta da pessoa foi: “Ufa,
pensei que fosse Crepúsculo, essa capa é igualzinha”
Não
momento quis dar um fora na pessoa, mas ignorei, e fiquei imaginando, "que
babaca, como alguém que faz letras, quer ser professor, pode ser tão otário?".Respondam-me. Essa foi a minha primeira experiência com preconceito literário,
e que me fez pensar na seguintes questões: Como o Brasil, país de raros
leitores, pode ser tão preconceituoso? Fala-se tanto de incentivo à leitura,
mas que incentivo é esse? Incentivamos o preconceito; incentivamos a
ignorância, incentivamos a estupidez, incentivamos a arrogância, menos a
leitura.
Se
o pequeno grupo de leitores leem o livro, é bom, caso contrário é um conteúdo
de semicultos (não gosto desse termo).
Amo a C. L. mas sei que há pessoas que
não gostam, e não posso dizer: Minhas leituras são clássicas e maravilhosas, o
que você lê é ruim. Sou a favor de todas
as literaturas. Leia o que te agrada, se receber dicas de livros e quiser se
aventurar, leia; o que não rola é criticar leitores porque leem Best Seller.
Preconceito
Literário deveria ser considerado crime; se não curte ok, mas vamos respeitar a
leitura alheia.
Renata Ferreira
Já vi gente trocando a sobre capa do livro pra poder ler em paz sem ofender os "cults" em volta. Uma conhecida minha já entrou numa DR com o marido professor porque estava lendo Nora Roberts (!!!) Acontece o tempo inteiro, e quem deveria dar o exemplo da tolerância parece que não está dando.. =(
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