A leitura de imagens sempre me agradou; não tenho conhecimentos teóricos sobre arte pictórica, mas acredito que a experiência estética vai muito além de qualquer teoria. Poder olhar para uma imagem e perceber as diversas sensações, significações e rumos que ela pode tomar e nos proporcionar , fascina-me.
Confesso
que as leituras mais formais como cores, formas etc; ou ainda temática, é o que
menos importa para mim. O que me encanta é a relação que posso ter com a obra,
as minhas reações, o que a obra me faz sentir; a relação com o meu mundo, com
minhas experiências, com minhas conexões. E nessa leitura, a pessoal, que
indico, o livro “BANKSY – GUERRA E SPRAY”.
O
livro foi publicado, aqui no Brasil, pela editora Intrínseca, em 2012. Sabemos que os livros de arte são praticamente
inacessíveis; as publicações são apreciadas por um pequeno grupo, como:
estudante de arte e professores; artistas; bibliófilos, ou seja, um grupo reduzido.
Os preços são exorbitantes, afastando alguns leitores. Acredito que a editora Intrínseca teve como objetivo introduzir
o público a obra de Banksy, proporcionando a oportunidade de termos um livro riquíssimo
e acessível.
FICHA TÉCNICA
|
Sinopse:
Ninguém sabe quem é
Banksy, o artista do estêncil e do spray que tem deixado a marca de sua
irreverência em paredes de cidades do mundo inteiro, de Londres à Palestina.
Sabe-se apenas que teria nascido em Bristol, no sul da Inglaterra, onde iniciou
suas atividades. A obra de Banksy, porém, é inconfundível: ratos de
guarda-chuva, macacos ameaçando dominar o mundo, inusitados sinais de trânsito
e comentários mordazes sobre a sociedade contemporânea, o consumismo, as
guerras e o conformismo. Sua arte em grafite ganhou fãs em toda parte, é
amplamente reproduzida pela internet e já foi vendida por mais de 50 mil libras
em leilões. Guerra e spray reúne o melhor de seus trabalhos e expõe alguns de
seus pensamentos nas palavras do próprio Banksy. Além das obras criadas para as
ruas, o livro inclui também intervenções que o artista fez em locais privados,
como museus de Nova York e o zoológico de Barcelona.
Minhas impressões: Dos muros para o papel.
O
grafite é uma manifestação artística. Com sua linguagem de protesto e de resistência
tornou-se universal. Conquistou diversos
espaços: Dos muros para os livros; da roda de grafiteiros para a roda acadêmica,
do preconceito para aceitação e respeito. Em Banksy – Guerra e Spray nos deparamos
com uma variedade de imagens que revelam-se como personagens marcantes,
associadas a críticas inesquecíveis.
Nos
grafites e performances do artista tudo adquire alma, e é registrado de forma
singular: o cenário urbano ou rural; os museus ou zoológicos; os macacos e os ratos
... Tudo possui uma alma questionadora e nos provoca. Banksy imprime em sua
obra um toque inconfundível. Temos 240 páginas entre imagens e textos singulares.
Segundo
Banksy, ao contrário do que dizem por aí, o grafite não é a mais baixa forma de
arte. Grafitar é, na verdade, uma das mais honestas formas de arte disponíveis.
Não existe estilismo ou badalação, o grafite fica exposto nos melhores muros e
paredes que a cidade tem a oferecer e ninguém fica de fora por causa do preço
do ingresso. Para o artista, quem desfigura nossos bairros são as empresas que
rabiscam slogans gigantes em prédios e ônibus tentando fazer que nos sintamos
inadequados se não comprarmos seus produtos. Essas empresas acreditam ter o
direito de gritar sua mensagem na cara de todo o mundo, sem que ninguém tenha o
direito de resposta. O artista finaliza o texto, dizendo que as empresas
começaram a briga e a parede é a arma escolhida para revidar.
O
artista é bem irônico e sarcástico; há muitas críticas ácidas no livro,
mas citarei três que aprecio bastante, e que se repetem . A primeira é
contra policias e seu autoritarismo. Segundo o artista, Policiais e seguranças
usam quepes com abas sobre os olhos por motivos psicológicos. Aparentemente,
sobrancelhas são muito expressivas e cobri-las torna sua aparência mais autoritária.
Em compensação, é mais difícil para os agentes da lei perceber qualquer coisa
que aconteça a mais de dois metros acima do solo, o que torna bem mais fácil grafitar
telhados e pontes.
A
segunda são pinturas vandalizadas. Numa série de obras conhecidas, Banksy
brinca com releituras.
“Se
você quer sobreviver como grafiteiro num ambiente fechado, me parece que sua
única opção é pintar sobre coisas que não lhe pertençam”.
Na
releitura de Girassóis, Van gogh, temos “Girassóis do posto de gasolina”.
Já
em Le pont de Giverny, Claude Monet, temos “Me mostre o monet”.
A
terceira crítica que me toca é a da fome, pobreza e capitalismo. Em “Burger
King”, por exemplo, temos uma criança com a coroa da rede fast-food com um
prato de comida vazio.
Outra obra polêmica, nessa temática, é a
montagem com a foto de Kim Phuc, nessa a criança está de mãos dadas a Mickey e
Ronald Mc Donalds. Poderia ficar horas citando as imagens do livro, mas
convido-os a terem a sua experiência com Bansky.
Renata Ferreira
Nenhum comentário:
Postar um comentário