Trabalhando em biblioteca e livrarias pude perceber o quanto esses
espaços não são explorados pelas famílias. Uma infinidade de livros, temáticas "empoeirados" nas estantes. Literatura, Economia, Política, Educação, Ética, Religião,
Preconceito...São tantos os assuntos que poderiam ser discutidos após uma
simples leitura que não caberiam nesse texto.
Além dos livros, uma série de atividades educacionais
(teatro infantil, contação de histórias, atividades gratuitas) que poderiam ser
descobertas e vividas, mas não há público. Onde estão esses pais e filhos? Eu
respondo: Num sofá assistindo aquela novelinha, ou ainda, com a cara no celular
ou computador.
Já ouvi muitos pais dizendo coisas do tipo: “Não estudei muito, logo não
posso ajudá-los”. “Não tenho tempo, preciso trabalhar”. “Ele é inteligente, se vira sozinho”. Sei que
muitos desses pais são hipócritas, que só sabem reclamar e nada fazem para
ajudar seus filhos, e a si próprio; fingem acreditar que a escola será o
suficiente. Alguns desses pais pararam de estudar há anos, tiveram a
oportunidade de voltar mas não quiseram; outros, se acham velhos demais. O fato
é que reclamam, reclamam, reclamam, e não fazem nada para mudar a situação
familiar. Pais preguiçosos que não leem
mas querem que o filho seja doutor (Não estou falando aqui de pessoas
analfabetas, que não tiveram oportunidade nenhuma, e desejam coisas boas para
os filhos; estou falando de hipocrisia. De pessoas que não fazem nada, não são
exemplos para os filhos, e inventam qualquer desculpa esfarrapada para
justificar sua situação).
Dia desses atendi uma pessoa que estava conhecendo a biblioteca pela
primeira vez, inicialmente fiquei feliz, pois ela estava com os filhos. Logo,
expliquei sobre os espaços infantis e infanto-juvenis, e sobre os diversos
livros que os filhos e ela teriam acesso.
E ainda tinha teatro e filmes. Ela me cortou dizendo que estava lá,
porque tinha internet liberada, e tanto os filhos quanto ela adoravam facebook.
Expliquei que poderia acessar, mas seria perfeito se destinasse algumas horas
para ler com os filhos e os incentivassem à leitura. Ela disse: Eles nãos
gostam, e eu também não.
Reclama-se tanto da realidade do nosso país: crianças e adolescentes que
não leem; adultos que não tem senso crítico e são alienados; escolas que não
formam pensadores e sim reprodutores de discursos etc. Eu vos pergunto: O que você família, pais, tios, padrinhos
estão fazendo para que suas crianças não se tornem adultos alienados, cegos,
ignorantes e reprodutores de discursos?
Encontro muitos usando a desculpa que não possuem dinheiro, e por isso
não compram livros e não incentivam à leitura, e completam dizendo que a escola
faz isso. Acorde, não é novidade: Vivemos num
país de injustiças, não há investimento no ensino público, muito menos nos
professores. Não espere sentado no seu sofá, vendo sua novelinha preferida ou seu jogo de foot , que
seu filho sairá da escola um gênio argumentador e empreendedor, Isso é para
poucos. Se não tem dinheiro para comprar, vá até uma biblioteca pública. Você
não precisa de grana para frequentar uma livraria. Há diversas livrarias com
espaços infantis lindos, que aceitam sua visita; você poderá ir, sentar com
seus filhos e ler um livro.
Então, acorde e aprenda a ser pai e mãe, aprenda a cuidar dos seus
filhos. Cuidado não é apenas colocar comida no prato. Se não estudou, comece
agora. Se não lê, comece. Largue sua TV e vá estudar com seu filho, aprenderá e
relembrará muitas coisas. Incentive-os a fazer coisas boas e interessantes
para a mente. Não adianta você deixa-lo jogar bola durante horas e horas se nem
o exercício da escola ele faz. Admita: você quer descansar, e arruma qualquer
atividade para seu filho fazer que o distraia, e não te perturbe.
Tome vergonha na cara, deixe a preguiça, e vá até escola do seu filho,
compareça as reuniões, averigue o conteúdo que ele estuda; abra a mochila dele,
e descubra o que está estudando, como o professor aborda o conteúdo, se não
ficar satisfeito, reclame, ou melhor, ensine coisas novas. Se não sabe, procure
alguém da família que saiba, um amigo... corra.... Tire seu bumbum do sofá, depois não adianta reclamar. Fica a dica.
Renata Ferreira
Renata Ferreira
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